Hortas urbanas geram renda e garantem segurança alimentar em Osasco
- alternativanews2
- 10 de dez. de 2018
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Programa da Prefeitura, que já conta com 11 hortas, foi tema de Audiência Pública na Câmara Municipal
No dia 23 de novembro, a Câmara Municipal promoveu uma Audiência Pública para debater as iniciativas de agricultura urbana em Osasco. O Município foi um dos primeiros do País a contar com uma ação governamental para promover as hortas urbanas: desde 2007 a Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão (SDTI) possui um projeto que aproveita terrenos sem uso para produzir hortaliças no meio da cidade.
Atualmente, são 11 hortas espalhadas pelo Município, que geram renda para 41 pessoas em situação de vulnerabilidade social. Um deles é José da Conceição Filho, que há cerca de três anos trabalha na horta Cantinho Verde, no Bairro do IAPI. “Todo o dia eu estou lá, limpando, plantando, curtindo a terra, colhendo e vendendo pro pessoal que vai lá”.
A assistente social Judite Costa, que coordena o projeto na SDTI, conta que, no começo, o principal objetivo era a segurança alimentar dos participantes, mas com o tempo o programa se tornou também uma iniciativa de economia solidária. “A gente percebeu que estava sobrando muita hortaliça e dava pra gerar renda a partir da venda desses vegetais. E nosso objetivo é crescer ainda mais”, comenta. Segundo ela, há planos para inaugurar novas hortas em terrenos ociosos da Eletropaulo, da Transpetro e no Parque da Fito.
A iniciativa também conta com o apoio do setor privado. A Secretaria recebe a doação do adubo orgânico que é produzido na sede do Mercado Livre, em Presidente Altino, a partir da compostagem de restos de comida do restaurante da empresa. Essas sobras são transformadas em fertilizante por uma composteira automática da Trasix Soluções Ambientais, empresa que também é parceira do Programa Hortas Urbanas.
A Trasix ainda promove a qualificação dos participantes do projeto, sempre procurando fomentar a autonomia e a auto-gestão. “A ideia é que, através dessa iniciativa, os agricultores sejam capacitados para que consigam andar com as próprias pernas", diz o engenheiro Felipe Craide, um dos sócios da empresa.
Em sua fala, o empresário ainda enfatizou o caráter transversal da iniciativa. Além da geração de renda, há benefícios para o meio ambiente e a limpeza urbana, já que um terreno com uma horta não será utilizado para o descarte ilegal de resíduos. Outra vantagem é o fomento à produção local, que melhora a segurança alimentar da cidade.
De acordo com Felipe, o próprio Mercado Livre se beneficiou do projeto durante a greve dos caminhoneiros, em maio, quando a cidade enfrentou um grave desabastecimento. “A horta salvou a alimentação de mais de 1.200 pessoas durante dois dias, fornecendo uma alimentação de qualidade. É uma coisa que foi resolvida em questão de meia hora”, disse.
Orçamento - A audiência pública foi proposta pelo vereador Ricardo Silva (PRB), que não disfarça seu entusiasmo com o projeto. No início do mês ele protocolou uma emenda ao Orçamento de 2019 destinando R$ 75 mil para o projeto e diz que seu gabinete prepara um projeto de lei para instituir a “Semana de Apoio à Horta Urbana” no calendário da cidade.
"Tem muitos espaços ociosos no nosso município. São terrenos em que cresce mato, é jogado entulho. As hortas urbanas diminuem esse problema e também produzem alimentos sem agrotóxicos, geram retorno financeiro para essas pessoas. É um projeto de grandeza”, elogiou o parlamentar após o evento.
O evento foi presidido pelo vereador Toniolo (PCdoB), que em seu discurso também enfatizou a grande quantidade de terrenos vazios na cidade. Para ele, esses locais poderiam ser utilizados para o projeto. “Se nós tivermos essa iniciativa de ir lá, plantarmos uma árvore que seja, ou fazer uma horta comunitária, a gente vai conseguir mudar a mentalidade daquele que utiliza aquilo ali como ponto de descarte.”
Já o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Marcelo da Silva, anunciou que a pasta vai começar a transformar em adubo os restos das podas de árvores realizadas no município. “Hoje, o resíduo de toda a poda feita pela Defesa Civil vai pro aterro sanitário e é jogado fora, sendo que a gente podia estar utilizando nesse projeto.”
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